domingo, 15 de março de 2009



Rentabilizar a Internet no ensino básico e secundário dos recursos e ferramentas online aos LMS

Antes de mais, apresento algumas ideias base resultantes da leitura deste texto.
É ponto assente que os reflexos da Internet são evidentes na reorganização das nossas vidas, no modo como comunicamos, mas também como aprendemos. Como rede aberta de aprendizagem e partilha, a Internet é um espaço aberto, em contínua reestruturação, onde todos somos consumidores e produtores. Logo, para uma participação activa e consciente desta construção, é fundamental que os actores educativos não descuidem a sua formação neste campo, e esta formação não deve incidir só sobre a utilização da tecnologia mas fundamentalmente na sua integração pedagógica no contexto de sala de aula. Pela rapidez da evolução do conhecimento o professor desempenha um papel essencial no processo de aprendizagem, reforçando uma abordagem mais construtivista, centrada no aluno, e ao favorecer a descoberta, a intervenção e o sentido crítico. Desta forma, a aprendizagem é estruturada a um nível elevado, de autonomia e construção individual, através de um diálogo activo entre o professor e o aluno (aprendizagem socrática). Além da capacidade intrínseca da Internet e dos seus serviços em possibilitar uma aprendizagem individual e colaborada, permite também a apresentação e partilha de trabalho, através de conexões na rede em constante actualização – conceito de conectividade (capacidade de professores e alunos lidarem com o conhecimento na rede, assente em três pilares: direitos de autor e plágio, desenvolvimento de capacidades e competências para colaboração efectiva e a avaliação do aluno) – surge um outro conceito, o de conectivismo, que distingue colaboração de cooperação, e que salienta o indivíduo e as organizações como organismos aprendentes, uma vez que o conhecimento está em constante mudança. Daí a importância de uma aprendizagem contínua, cumulativa e gradativa.
No entanto, a construção do conhecimento, não se define pela quantidade de acumulação de informação disponibilizada na rede, mas na capacidade de o seleccionar, transformar e reutilizar em novas situações. Da mesma forma que qualquer aprendizagem é evolução, a aprendizagem implica uma selecção, principalmente na web 2.0, onde as informações não estão sujeitas a qualquer tipo de avaliação. A nossa memória funciona de um modo selectivo. Ao longo das etapas do desenvolvimento acontece uma eliminação selectiva de conexões. Aprender também é eliminar, é fundamental, por isso, que os alunos sejam orientados na avaliação e identificação de parâmetros relativos à informação encontrada neste processo. Para isso o professor deve definir aspectos específicos que orientem e seleccionem a pesquisa (sites, etapas…). As webquests surgem como uma alternativa de optimização das aprendizagens, porque se encontram estruturadas sequencialmente e promovem a autonomia nos sujeitos da aprendizagem, os alunos.
Do ponto de vista de Jean-Pierre Changeaux a “memorização” também se efectua seguindo um processo de selecção que se encaixa sobre os precedentes. O autor defende que o cérebro funciona de um modo projectivo, produzindo representações internas, hipóteses, modelos, expectativas e comparando-as com o mundo exterior. Neste sentido, e como a web é uma plataforma onde tudo está acessível online, facilitando a edição e publicação imediatas, cria-se um novo patamar de interacção, que facilita a colaboração e a partilha, conceitos inerentes à socialização e à nossa própria forma de adaptação ao mundo exterior - a Internet é uma extensão cognitiva e um meio de socialização de grande magnitude. Dada a diversidade de recursos, o desenvolvimento de competências sócio-cognitivas tais como aprender a procurar informação, aprender a comunicar, aprender a colaborar e aprender a participar na sociedade, implica tempo de pesquisa e exploração - noções fundamentais relacionados com o mundo envolvente da Internet. O construtivismo social valoriza a construção de sentido com os outros, e implica a interacção entre sujeitos de um modo colaborativo (tarefas realizadas por todos, em partilha e diálogo) e cooperativo (tarefas divididas pelos elementos e realizadas autonomamente) - novamente conceitos inerentes às ferramentas online .
O facto das ferramentas da web 2.0 , tornarem a publicação uma realidade, permite aos alunos desempenharem o papel de produtores na web, ou seja, o seu trabalho tem uma presença efectiva na construção de conhecimento dos outros. Revela-se uma nova dimensão da Internet, a da partilha e de participação activa na preparação de cidadãos para a sociedade da informação e do conhecimento. Os alunos enquanto futuros cidadãos, aprendem com a tecnologia, através da construção de significados, pesquisando, avaliando a informação, sintetizando, apresentando e disponibilizando online, partilhando.
Os Learning Management System (plataforma de apoio à aprendizagem) surgiram para dar apoio à formação à distância online. Caracterizam-se pela preocupação em facilitar a disponibilização de recursos em diferentes formatos, através de diferentes ferramentas, o que permite ao professor definir uma metodologia de ensino e aprendizagem, organizando o espaço de interacção e promovendo a auto-aprendizagem com recurso a uma rede de colaboração. No entanto, observa-se que a plataforma funciona, fundamentalmente, como repositório de informação, e não como local de construção de conhecimento. Daí que este ponto minimize as possibilidades de envolvimento dos alunos em actividades de pesquisa, partilha e interacção na plataforma, como é o seu propósito essencial.
A plataforma é de fácil utilização, uma vez que já apresenta as ferramentas necessárias para o desenvolvimento de projectos educativos, no entanto, está sempre condicionada pelas próprias especificidades das suas funcionalidades assim como pelas definições estipuladas pelo seu administrador. O acesso a uma plataforma está intimamente ligado a dois conceitos: privacidade e segurança. Enquanto espaço protegido, os utilizadores de uma plataforma estão salvaguardados pela existência da palavra passe, criando-se uma pequena comunidade de troca de reflexões, dúvidas e descobertas. Como foi referido anteriormente, para que uma plataforma funcione totalmente não pode ser utilizada como repositório de conteúdos, nem como portal de uma escola, mas antes como um espaço de apoio à aprendizagem orientado para a reflexão, o questionamento, a aprendizagem colaborativa…Para isso é necessário um período de adaptação de todos os agentes educativos. Também para os alunos acontece esse período de adaptação. Embora inseridos numa geração cibernética, os alunos ainda têm algumas dificuldades em assumir-se como condutores da sua aprendizagem, como construtores reflexivos do seu conhecimento.
É necessário que se reconheça esta nova forma de aprender apoiada na utilização de recursos que existem na web. Todas as funcionalidades podem ser implementadas numa plataforma de apoio às aprendizagens, que integra espaços físicos e virtuais e tem como foco da aprendizagem o processo desenvolvido pelo aluno e que se apoia nas suas próprias experiências de vida, porque o ser humano é um ser circunstancial, diferenciado. A forma como interagimos e comunicamos nesta sociedade globalizada e concorrencial também se alterou, logo todo o processo ensino-aprendizagem tem de se adaptar a uma nova forma de educar.

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